
O barulho de pneu cantando. Os carros passando, velozes. O cheiro de terra e uma bandeira quadriculada. Era a única coisa que Christopher conseguia pensar.
- Chris, vamos embora.
Não ouve resposta.
-Então fica você, que eu to indo
-Deixa de ser Frangote, Robert!
Os olhos azuis mostraram chateação. O menino de estatura média rodou os calcanhares, preparando-se para ir embora. A porta do automóvel foi aberta. O vento bagunçou os cabelos loiros.
-Tenho tarefa de casa- foi a desculpa que deu. Mas não houve tempo de chegar até a outra calçada. Seu corpo tonteou e Robert caiu.
***
Estava escuro. Ouvia vozes longícuas, mas não podia identificá-las.
-Que bom que acordou.
As cores tomaram formas.As formas tomaram traços então Dulce viu Christopher.
Era uma salinha, o sofá xadrez e confortável com a lareira crepitando calor para o ambiente. Estava na casa de sua avó.
-Estávamos preocupados
Dulce quase se emocionou. Ele, preocupado? Mas todo o sentimento que invadiu quebrou quando ele lhe lançou uma anedota.
-Toda vez que te vejo você desmaia. Fico me achando tão irresistível!
Ela não gostou mas ficara calada. Embora fosse uma brincadeira - de muito mau gosto - tinha toda uma verdade.
Uma senhora velha de cabelos grisalhos entrou na sala. As rugas de expresso da mesma abriram um sorriso contido. Dulce correspondeu deixando a raiva dar lugar à bondade dos olhos maternos.
-Vovó.
-Como está, minha filha?
-Melhor. Foi só um susto.
Christopher saiu silencioso. Olhou por cima dos ombros a velha senhora sentar-se na beira do sofá. Sorriu amargo abandonando o cômodo.
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