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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Capítulo 18: Um coração a mais



Um cabelo castanho esvoaçou na loja com o olhar pedido. Dulce olhou de supetão para quem se dirigia ao balcão. Ele tinha os olhos negros em contraste com a pele. Os lábios cerrados e o semblante sério.
Isso mudou quando soltou o primeiro sorriso.
-Você é Dulce, certo?
-Sim?!
-Ouvi muito falar de você- o garoto enrubesceu – Me chamo Diego Fainello. Sou novo, na cidade, quero dizer...
-Sou Dulce
-É, eu já sei
Os dois riram em resposta a piada. Os olhos de Dulce brilharam junto com as pedras em sua mão.
-Tenho que ir
O humor dele mudara como o tempo lá fora. Antes de sair ele lhe soltou um sorriso, e ela correspondeu sem conseguir hesitar. O sorriso de Diego era contagiante.
-Te vejo depois?
Ela assentiu, e os cabelos castanhos esvoaçaram rua a fora. Dulce soltou a respiração que estava segurada. As pessoas da cidade a confundiam. Apertou as pálpebras tentando tirar a imagem de Diego da cabeça. Em troca, Christopher apareceu em sua frente. Agora não era uma miragem.
-Dulce?
-Han?
Ela deu um salto, saindo dos devaneios.
-Você é muito assustada
-Você é que me assusta
Ela fugiu do tom cômico, para um irritado. Christopher estranhou.
-Está tudo bem?
Ela suspirou
-O que quer?
Dulce ainda respondia ríspida. Ele esperou um momento, e analisou o semblante de Dulce.
-Nada
O tom de voz seco de Christopher era notável. Ela engoliu a saliva nervosamente.
-Não se meta com os Fainellos, principalmente com Diego.
Foi a última coisa que ele disse, antes de sair porta a fora.

Capítulo 17: Um presente a mais


Era tarde quando Dulce se levantou, já no outro dia. Seus olhos arderam quando ela abriu-os por completo. Levantou em um salto, pulando para o chão gélido.
Já estava atrasada! O seu segundo semestre começava, mas ela não voltaria para escola; não agora.
Jogou a mochila pesada sobre os ombros ao bater a porta de sua casa. Correu pela rua coberta de neve espessa que chegava a suas canelas até chegar à pequena loja. Entrou pela porta principal e o sino tocou. O calor fez com que ela estremecesse.
A Sra. Tompson estava de cócoras no balcão, e de inicio não a viu de fronte para a porta. Mas quando o sino badalou, levantou os olhos assustados. Ao ver Dulce, respirou em alívio.
–Bom dia, querida. –saudou-a

–Bom dia – respondeu defensiva, e lhe lançou um sorriso.
Dulce vestiu o uniforme e foi para detrás do balcão. A Sra Tompson despiu o avental e pegou um molho de chaves. Em seguida, virou-se para Dulce.
–Estou de saída. Olhe a loja por um minuto, sim? Ah, já ia me esquecendo- ela tirou um pacote pequeno coberto com um veludo vermelho- é por seu aniversário. Ontem não pude lhe dar.
–Obrigada– ela agradeceu, sem muito entusiasmo
–Abra, creio que vá gostar
A dona da loja saiu em passos largos. Dulce puxou a corda que prendia o presente e lá viu a pedrinha de gelo.
Era o que parecia, no primeiro minuto. Então ela percebeu que era feita de cristal.
Instintivamente ela pegou a M31 do bolso de seu casaco.
O material era parecido, mas as matizes eram diferentes: Uma era sem cor, transparente. Outra um rosa avermelhado e vivo.
Mas ambas se atraiam. O sino da porta tocou, em um som de fundo tenebroso.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Capítulo 16: Verão e Aniversário aparte


Junho, Verão, England
Sorria para a câmera. Sorria. Mostre felicidade.
A lua, o calor. O minuto, a hora. O tempo.
Os dentes brancos não conseguiram pular para fora em um sorriso. O máximo que a menina com os cabelos –agora– negros conseguia era uma simples inclinação de bochechas. Dulce pintara os cabelos. Por três motivos:
Um: Por que já não era mais uma criança(especialmente a partir de hoje)
Dois: Ela Odiava a cor
Três: Por que vermelho lembrava sangue
Será minutos depois, quando Blanca termina de limpar os rasgos de papel de presente no chão, que você descobrirá o por que da tristeza de ter seus vinte anos.
Não era bem a data ou a idade que a incomodava. Era a falta de alguém nela.
Sentou-se na beira da cama. Seus olhos estavam vagos e passeavam por todos os presentes recebidos-oito, ao todo-. Mas fixou-se especialmente em um, por que este estava fechado, mesmo depois de todos serem abertos em público.
Agarrou o pacote pequenino. Pensou em sacudi-lo, mas desistiu. Poderia ser algo quebrável, afinal de contas.
Optou por abrir logo de uma vez. O papel não resistiu às mãos nervosas de Dulce. Depois de tirar todo o pacote, revelou-se uma pequena e delicada pedra.
Era um cristal, rosa. Não tinha forma definida, uma espiral talvez.
Dulce virou-a e desvirou-a centenas de vezes, como se olhasse um termômetro clinico. E como todo termômetro, no interior da pedra ela leu uma a sigla “M31”
Rodou-a de novo e não conseguiu ver nada mais. Antes de sua mãe mandar apagar a luz e ir dormir, ela girou entre os dedos diversas vezes, mas não conseguiu resultados.
Apagou em sono profundo, ainda com M31 na mente, martelando.


UMA DUVIDA A MAIS PARA DULCE
Por que Christopher não viera ao seu aniversário

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Capítulo 15: -'Voce tem o dom do desastre'



-Você tem o dom do desastre, Dulce.
Ela zangou-se com o comentário abusivo. Quando Christopher entrara por aquela porta, e Avó Clemency deixara o cômodo teve a certeza que aquela conversa não a agradaria. Mas não pensou que fosse pior do que quando conversava com sua mãe.
-É sério, nunca vi nada igual. Você tem o dom.
Ela ia revidar, mas não se deu ao trabalho. Continuou parada, e esperou que ele se tocasse e fosse embora. Não aconteceu.
Era inesperado que Christopher sentasse ao seu lado e suspirasse. Ele remexeu entre os dedos e olhou para os lados. Ela riu com a inquietude dele. Robert não era inquieto. Robert não tinha sede de bagunça.
Algo bem no fundo a repreendeu por compará-lo a Robert. Sentiu que estava sendo injusta. Não por que um fosse melhor que o outro, mas talvez por que eles eram muito diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos...
Iria mergulhar em pensamentos, mas foi chamada atenção.
-Deve ser por isso que cai tanto. Parece estar em outra galáxia, Dulce!
-Eu gostaria de ser astrônoma.
A inocência no comentário o fez pensar. Não transparecia ironia, nem sarcasmo.
Antes que ele voltasse a comentar, Dulce não deu brecha.
-Agora você que está viajando.
-Você que não me deixa falar, Andrômeda.
A porta abriu-se e Blanca entrou em anunciar-se. Olhou para Dulce com reprovação e depois para Christopher. Caminhou alguns passos largos para chegar até a dupla.
-Onde está sua avó?
-Hum, não sei. Disse que ia na cozinha. Provavelmente está conversando com...
-Vamos embora, menina. Despeça da família
Dulce levantou-se e Christopher fez o mesmo. Ele seguiu-a até o corredor e depois sumiu.
O vento gélido do lado de fora acompanhou os passos de Dulce e Blanca. Antes de chegar até o carro onde seu pai esperava, seu braço foi agarrado pelas mãos enrugadas.
-Deixe de ser tonta, Dulce. Esqueça esse povo dessa família de uma vez.
E os três foram embora. Quando os pneus do carro cantavam, foi que se questionou sobre o que era Andrômeda e por que Christopher a chamara assim.

Capítulo 14: Imbranata



Murmúrios agitados passavam de ouvido a ouvido, quando viram o rosto vermelho de raiva da menina. O copo apertado com força, explodira.
Sangue rolou pela pele de papel. Ela gemeu em resposta a dor aguda que sentia nos nervos da mão. O odor de ferrugem do sangue a fez tontear.
Uma voz cálida a chamou para um canto. Dulce, automaticamente seguiu, e não fora muito difícil de adivinhar quem velava sua aparição.
Christopher ainda olhava para Dulce, incrédulo. A anfitriã da casa a levou escadas acima, pegando pela mão imune.



Avó Clemency saiu do quarto, quando entrou Blanca. As duas trocaram olhares flamejantes,mas Blanca focou-se em Dulce.
-Como consegue ser tão desastrada?
-Não foi culpa minha.
-Como explica que um copo explodiu em sua frente, menina?
-Ele devia estar rachado. –Dulce ensaiou seu ar de deboche
-Menina, me responda direito...
A voz de sua mãe soou na sala, como um sino em uma sala com ecos. Ela estremeceu, mas não pelo berro exagerado, e sim pela dor que apertou. Sua avó abriu a porta, trazendo consigo uma bandeja, e olhou para a dona do grito de maneira reprovadora.
-Trate melhor sua filha, Blanca. Ela está machucada
-Com licença.
Dulce sorriu fraterna para a avó. A dor lhe chamou a atenção de novo, e tentou disfarçar olhando para as paredes de pintura escassa. Mas sua avó a conhecia, e como conhecia.
-Venha cá, minha Imbranata
(Desastrada)
-Oh, vovó!
Dulce aconchegou-se nos braços experientes. O braço materno a rodeou. Uma batida na porta soou estrondosa.
Era ele, e Dulce sabia. Suspirou, mas não conteve a felicidade que resplandecia em seu sorriso.

Capítulo 13: Imbranato



-Sou Dulce
-Eu sei
Ela o mirou com os olhos azuis flamejantes. Como conseguia ser tão mal-educado? Sentou-se do lado de Christopher e olhou a avó com receio. Se ela não houvesse pedido-lhe com tanta seriedade nem sequer chegaria a tomar conhecimento do garoto- o que certamente seria complicado.
-Hum, obrigada pela ajuda.
-Refere-se qual das três?
Ela irritou-se. Era impossível que o individuo ao seu lado fosse da mesma família de Robert. Robert era encantador, educado, e... Ugh! Dulce sentia como uma pessoa não elucidada ao compará-los.
Suspirou tentando puxar a calma para o peito.
-As três, Christopher.
-Não foi nada
Nada? Não era um simples favor, era sua vida oras. Dulce não agüentou. Levantou da cadeira de supetão. Se ficasse ali, bateria até sair toda a arrogância do garoto. Dulce assentiu e andou até desaparecer no vão da porta.
O garoto apenas conseguiu responder depois de momentos. Movido a pensamentos longícuos, levantou-se e foi servir-se.
Todos estavam espalhados em cadeiras, sofás, chãos. Não era uma mesa, pois lá só a comida enchia todo o espaço. Então se viravam, na larga varanda, sala, cozinha. Não era uma família, onde se querem bater fotos. O noivado era um fiasco.
Dulce ainda não entendia por que não fora avisada do noivado de Anahí. Era páscoa, e acreditava que estava ali por isso. Até conversar com sua avó.
Disse-lhe que fora surpresa, mas duvidava. Sabia que eles estavam escondendo isso dela - por que era mais velha, e Anahí estava casando primeiro. Cidade de interior... Viu-se pensando como Christopher, o arrogante.
Talvez não fosse tão arrogante assim. Talvez fosse verdade. Em uma cidade ‘rural’ era comum que as pessoas levassem esse tipo de tradição: Então, na concepção deles, ela estava encalhada.
Percebeu uma coisa; eles gostavam de Robert por isso. Achavam que era sua última esperança. Seu sangue subiu na cabeça - só por que não era tão bonita como Anahí, não queria dizer que era feia. Mas por não ser a beldade da família, era considerada assim.
Um copo quebrou-se no chão, então percebeu que todos olhavam para ela, e que ela proliferava sua raiva.
Christopher a seguira, e presenciando a cena, sorriu.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Capítulo 12: União


-Onde está Dulce?
-A Avó dela está lhe visitando.
-Sente aqui, Christopher. Isso, trás a cadeira pra cá. Quero falar com você
O menino sentou-se ao lado da tia. A mãe de seu primo era uma mulher encantadora, apesar de ser sempre reservada e gostava de conversar com a mesma.
Seus olhos correram pela sala, que estava cheia com a sua família e a de Dulce. Foi chamado para o jantar, apesar de nem saber o porquê das duas famílias se Unirem.
A resposta veio em seguida, mesmo sem uma pergunta.
-Seu Primo Alfonso está noivo, de uma garota da família
Seu coração acelerou. Seria Dulce a futura noiva do rapaz? O estranho questionamento o alarmou.
De repente, todos os olhos da sala se voltaram para um lugar só.
Dulce descia as escadas, com ajuda de seu primo Alfonso, que quase não se era reconhecível.
-Se não me falho a memória, o nome dela é Anahí.
O suspiro aliviado foi cauteloso. Seus olhos curiosos ainda estavam focados na dupla de chegava na área/varanda. Algumas pessoas iam abordar a menina, outras apenas observavam- haviam as que nem deram-se o trabalho de saber que é.
Então foi que notou o ambiente de hostilidade. Era estranho, mas notável. Em um noivado, não era para todos estarem sorrindo? Parecia um velório, onde os rostos opacavam com a luz da noite.
A sala tinha por volta de trinta pessoas, alguns primos de sua família- Alfred II e Alfonso, irmãos e seus pais Anna e Alfred(ambos seus tios), Seus avós maternos, paternos e mais alguns outros. Da outra família, somente conseguia distinguir Os pais de Dulce, Anahí- uma loira sentada ao canto, que olhava com olhos cintilantes para Alfonso- e os Anfitriões(Avó e Avô). E claro, A própria Dulce.
As famílias conversavam entre si, mas evitavam o contado com o nome oposto.
Então deixou de observar os outros, por que uma cabeleira ruiva avançava em sua direção.

Capítulo 11: Flashs

O barulho de pneu cantando. Os carros passando, velozes. O cheiro de terra e uma bandeira quadriculada. Era a única coisa que Christopher conseguia pensar.
- Chris, vamos embora.
Não ouve resposta.
-Então fica você, que eu to indo
-Deixa de ser Frangote, Robert!
Os olhos azuis mostraram chateação. O menino de estatura média rodou os calcanhares, preparando-se para ir embora. A porta do automóvel foi aberta. O vento bagunçou os cabelos loiros.
-Tenho tarefa de casa- foi a desculpa que deu. Mas não houve tempo de chegar até a outra calçada. Seu corpo tonteou e Robert caiu.




***




Estava escuro. Ouvia vozes longícuas, mas não podia identificá-las.
-Que bom que acordou.
As cores tomaram formas.As formas tomaram traços então Dulce viu Christopher.
Era uma salinha, o sofá xadrez e confortável com a lareira crepitando calor para o ambiente. Estava na casa de sua avó.
-Estávamos preocupados
Dulce quase se emocionou. Ele, preocupado? Mas todo o sentimento que invadiu quebrou quando ele lhe lançou uma anedota.
-Toda vez que te vejo você desmaia. Fico me achando tão irresistível!
Ela não gostou mas ficara calada. Embora fosse uma brincadeira - de muito mau gosto - tinha toda uma verdade.
Uma senhora velha de cabelos grisalhos entrou na sala. As rugas de expresso da mesma abriram um sorriso contido. Dulce correspondeu deixando a raiva dar lugar à bondade dos olhos maternos.
-Vovó.
-Como está, minha filha?
-Melhor. Foi só um susto.
Christopher saiu silencioso. Olhou por cima dos ombros a velha senhora sentar-se na beira do sofá. Sorriu amargo abandonando o cômodo.

Capítulo 10: Caindo



O relógio informou ser quatro horas vespertinas em ponto. Dulce calçava a sandália alta quando a campainha tocou. Soltou os cabelos vermelhos lisos-A touca que os prendia contra o vento completava um figurino elegante, entretanto apropriado para o frio.
Abriu a porta, jurando ser Edna, mãe de Robert, quem estaria do outro lado.
Mas a surpresa de Dulce a quase fez desmaiar. Seus olhos arregalaram-se e sua boca reclinou em espanto: Era o arrogante!
Christopher estava parado: uma blusa social com um jeans social. Recostado, impaciente, seu rosto não parecia com o das outras vezes que o vira: estaria cansando, talvez.
Mas o sorriso cínico a encheu de repulsa. Os olhos azuis de Dulce acinzentaram-se. Seu nervosismo e irritação transbordaram.
-Boa noite, Dulce
Ela apenas assentiu. Estava surpresa demais para responder algo viável.
-Achei que quem viesse seria sua tia.
-Ela está no carro. Está pronta?
-Estou.
Andaram silenciosamente até o carro cujos faróis iluminavam. Tudo por um momento rodou. Dulce levou as mãos na cabeça, sentindo a dor aguda.
-Está bem, Srta?
-Quase
Dulce havia desacordado.
Uma mulher com os cabelos grisalhos presos à um coque e um pouco rechonchuda aproximou-se dos dois. Agarrou Dulce pelo cotovelo, a levando para o banco traseiro do carro. Christopher a ajudava.
-O que aconteceu?
Quando os pneus do carro já cantavam e Christopher saía do choque repentino, foi que conseguira perguntar.
-Não foi nada.
-Não agiu como se não fosse nada. - a resposta ríspida e preocupada fez a senhora alarmar-se.
-Esqueça Chris.
Mas ele não podia esquecer; não do modo que ela desmaiou. Seus pensamentos vagaram para Robert e algum tempo atrás

Capítulo 9: Solidão



Amanheceu com um sol forte. A luz dourada atravessou as finas cortinas chegando ao rosto calmo de Dulce.
Abriu os olhos que arderam com a claridade. Puxou as cobertas até os ombros desnudos, não pretendendo levantar.
Mas seu sono já estava perdido. Levantou colocando os chinelos de pano. Agarrou-se a um casaco e desceu pronta para comer. Estava tão faminta!
A cozinha estava vazia, mas o relógio já marcava mais de oito horas. Não era costume que são mãe não estivesse lá.
Poderia ter saído, suspeitou. Sua afirmação foi confirmada quando seus olhos avistaram um bilhete amassado na mesa.
Pegou-o entre as mãos e leu as palavras uniformes.



Dul
Estou na casa da vovo. O jantar de pascoa sera amanha, como sabe
Estamos ajudando nos preparos.
Nao voltaremos para casa, a mae de Robert passara ai, para te trazer.
Mamae

P.S- Pegue o dinheiro de dentro da vasilha de vaquinha, em cima da mesa, e va ao mercado. Coma alguma coisa.


Sentou-se na única cadeira da mesa em sua cozinha. Seus braços agarraram-se no corpo. Não gostava de ficar sozinha.
Era Sábado, não agüentaria até o outro dia.
Mas, no momento achava precisar ficar só.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Capítulo 8: Soslaio





Quando acordou, sua cabeça girava de dor. Não reconheceu o ambiente escuro, e foi só depois de segundos intermináveis distinguir o lugar rústico. As paredes revestidas de madeira, o cheiro de molhado e os poucos móveis. Era seu quarto.
Deu-se conta do por que estar ali. Algo a chamou atenção: Uma sombra refletida pela luz azul que vinha da janela fez com que Dulce desse um salto.
Andou com um soslaio não preciso, já que estava em seu próprio quarto. Tombou em algo e caiu. A luz do teto iluminou o ambiente: Sua mãe estava perto do interruptor.
Mas quem estava ali, em sua frente? O cheiro de canela invadiu suas narinas tremulas.
-Que bom que já levantou, Dulce
A voz de sua mãe a fez despertar dos devaneios.
-Já conheceu Christopher, certo? Ele lhe trouxe em casa...
-Eu sei
Não se deu ao trabalho de responder mais nada, apenas em demonstrar desinteresse.
-Posso conversar com Dulce a sós, Sra Lauermann?
-Claro, menino. Estarei lá embaixo.
O silêncio reinou no cômodo. Não queria conversar. Somente não sabia se era pelo incidente da escada, ou por ele ser primo de Robert.
Optou pelo segundo.
-Desculpe se a assustei.
Estava decidida a não responde-lo, mas sua língua coçou e soltou palavras não escolhidas. Erro, grande erro.
-Diz pelo fato de me salvar a vida ou por se primo de Robert?
-Não posso me desculpar por ter parentesco com alguém, Srta.
Christopher agora parecia irritado. Dulce aliviou.
-Não quis dizer isso
-Já fiz minha parte, agora, com sua licença.
Depois de um tempo que Christopher atravessou a porta que Dulce se deu conta que durante um grande instante,não pensava em Robert, e sim em Christopher. Nos olhos escuros e brilhantes, no porte másculo e os cabelos castanhos molhados.
O cheiro de canela ainda pairava no ar gélido.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Capítulo 7: Me Cuesta tanto Olvidarte

O sol fraco do dia deu lugar a uma noite extremamente fria. Depois do Crepúsculo, o tempo foi mudando, e no final do dia só ouviam-se os dentes impactando um ao outro.
Timbrando, Dulce despediu-se da senhora Tompson. Andou pelas ruas frias, agora melhor agasalhada. O ar condicionado desnecessário fazia com que a loja onde trabalhasse fosse mais fria - o mesmo somente emitia ar frio.
Seu corpo se chocou com alguma coisa. Não se deu o trabalho de olhar para o rapaz- mas reconhecera o aroma. Apesar da neve, o cheiro forte de canela e hortelã era inconfundível. Pensou estar delirando.
Robert martelava na sua cabeça, mas sabia que era impossível. Seu coração se apertou com a dor repentina, que voltava (mesmo que nunca houvesse ido embora) com certa força impressionante.
Mas não era ele. Certificou-se quando fitou o rosto com traços fortes e masculinos. Os cabelos castanhos, e o corpo musculoso. Mas o conhecia
Um flash invadiu a memória para um momento não tão distante. Era ele! O arrogante! Faíscas flamejavam de seus olhos, quando caiu em si. Não era Robert - era um erro comparar.
-Dulce Lauermann
O mesmo tom de voz rouco e musical atravessou o tímpano de Dulce, indo direto para seu interior.
-Sim
Não se dedicou a falar mais. Nem dar maiores explicações, quando ia seguir seu percurso.
-Hey
Sem dar-se o trabalho de voltar atrás, continuou pisando pela neve espessa ainda não derretida.
-Estou falando com você
Ela não quis ouvir. Apressou o passo ritmado que produzia um som opaco.
-Você era amiga de Robert, certo?
Sentiu-se congelar. Como ele sabia de Robert? Tremeu as pernas, e logo seu corpo todo tremia. Sua cabeça girou, e virou-se no ato. Seus olhos eram abertos em espanto e dor. Por que insistiam tanto em reviver,e que tudo que fazia chegava no seu amigo?
-Sou primo dele, Christopher

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Capítulo 6: Desequilibrio



-Coloque esses artefatos ali, Dulce. Não quero que as pessoas os vejam
A Sra. Tompson era assim, comprava coisas mirabolantes e depois as escondia como se a razão voltasse. Dulce segurou a risada fazendo uma feição cômica.
Subiu as altas estacadas até as prateleiras. Um a um, foi recebendo os objetos e enfileirando.
O sino da porta tocou e Dulce sobressaltou-se. Seu corpo desequilibrou sobre os finos filetes da escada e sentiu debruçar-se para traz.
Estava certa de que havia caído, quando fechou os olhos. Mas onde estava a dor? Por um momento achara que havia morrido.
Mãos fortes agarraram a cintura fina e rodearam o tronco feminino.
Com os pés no chão a menina ainda achava que estava flutuando. Arregalou os olhos, que ficaram como pratos.
-Tome mais cuidado
A voz áspera e rouca fez todas as células de seu corpo tremer.
-Obrigada
Ele somente assentiu, levando um sorriso aos lábios.
-Sou Dulce Lauermann
-Eu sei
-Sabe?
A ruga de confusão na testa o fez arquear as sobrancelhas.
-Cidades pequenas- o comentário feito com tanto desdém a fez despertar.
Então agora já ouvia-se outras vozes. O clima havia desfeito. O que ele quisera dizer com isso? Uma irritação tomou conta de Dulce.
-Há algo de errado com cidades pequenas?
-são somente um pouco... Esquisitas.
Virou-se de costas. Arrogante e prepotente, ela murmurou. Voltou ao balcão, e quando olhou novamente para o garoto ele não estava mais lá. Um sininho ainda fazia barulho.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Capítulo 5: Tempo





O dia voara. Quando se tem uma ocupação durante todo o dia a dor dói menos. Mas a noite chega, e com ela o mar de lembranças. Dulce sentiu cansada demais quando pousou os pés em casa.
No momento que deitara em sua cama é que a raiva se ploriferara. Sentiu seu coração apertar. Olhou a foto, agora em sua cabeceira de cama. Um grito entalou-lhe a garganta. Seus dedos agarraram o retrato. Não havia mais lágrimas.
Sentiu raiva de Robert. Ele não tinha o direito de deixá-la. N
ão a ela. Trincou os dentes.
-A culpa não foi minha.
Sentiu o frescor de poder dizer que já não sofria. Mas era mentira. Seus lábios retornaram à verdade.
-Me está matando, Rob!
E Dulce sorriu amarga. Seu coração viajou para semanas, meses, anos atrás... E adormeceu.


A manhã já não estava tão fria como as outras. 11° graus Celsius, era o que medidor de temperatura apitava.
Carros já circulavam pelas ruas, e pessoas saiam de suas casas impressionadas. Um sol era tampado pela forte cobertura de nuvens. Mas era um milagre uma temperatura tão alta no sul, depois do forte inverno. Era um milagre os olhos felizes de Dulce.
Saiu apressada porta a fora. Chegou ao trabalho rápido. Seus pés dançavm em meio das pessoas
-Bom dia, Sra Tompson.
-Quanta felicidade. Viu um passarinho verde?
-Não duvido! Esse tempo está tão bom, que não me espantaria se visse um!
-Como me alegra te ver assim, menina.
-É o tempo, Sra. Tompson, o tempo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Capítulo 4: Primavera

Abril, Inicio da Primavera


A neve derretia. Quando Dulce ouviu barulhos de automóveis seu coração disparou. O martírio cedera lugar para apenas dor.
Seu corpo encheu a cozinha onde seus pais comiam um mexido de ovos.
Os dois pares de olhos se surpreenderam; Dulce vestia-se para sair. A velha senhora abriu um sorriso emocionado e contido, embora exausto.
O homem apenas as contentou com um aceno de cabeça; para a menina era como o maior gesto de afeto vindo de seu pai.
Um prato fora agora posto para Dulce, que há muito tempo não comia junto dos outros. O trio comeu em silêncio.
A porta da sala foi batida, e Dulce pousou os pés na rua. Apertou os olhos, não acostumada com a não-costumeira claridade.
Tremendo, agarrou-se mais à sua mochila perto de seu casaco. Foi trilhando um caminho de pegadas até chegar a um armazém.
-Dulce?
Olhares curiosos voltaram para a menina. Ela corou, sentindo mais calor agora.
-Sra. Tompson?
Ela hesitou por um momento, e sorriu tímida.
-Será que ainda tenho meu emprego?
Judith Tompson sorriu fraternamente em resposta.
-Mas é Claro, minha filha. Pode começar no momento, se quiser.
Era o que esperava. A esposa de Mark Tompson era a mulher mais bondosa que conhecia. Junto de sue marido, era dona do mercadinho onde Dulce trabalhava há dois anos - que havia deixado.
-Está muito frio, não vista o uniforme!
-Por mim tudo bem.
-Oh, não. Falando nisso, precisamos de novos Uniformes! Uns que adaptem melhor a esse gelo que está nossa cidade. Sabe, poderíamos vender isso: uniformes. Isso! Faria muito sucesso!
Só havia um defeito na bondosa mulher: falava demais! E tinhas as mais mirabolantes idéias para sua loja. Dulce sorriu; O primeiro sorriso verdadeiro depois de tempos.

sábado, 21 de novembro de 2009

Capítulo 3: Lembranças -2° Parte




A sala era aquecida pelo calor da lareira que crepitava iluminando o ambiente. Um tapete rústico completava o lugar e esquentava os pés pequeninos de Dulce.
Seu tronco era rodeado pelos seus próprios braços. Sua alma arrepiava-se com o frio que despencava lá fora.
No atual clima, as cidades do interior da Inglaterra eram desertas. O frio tirava seus moradores das ruas, a neve não deixava os carros passarem.
Hospitais e mercados paravam. Eram obrigados a abastecer seu estoque de comida. O inverno estava acabando, pensou Dulce. Não gostava dos invernos. A primavera era mais doce, e menos dolorosa. Fazia frio, mas ao menos ela conseguia ir para a escola.
Longícuo, ela ouvira alguém a chamar. O barulho ecoou pela escuridão e um corpo apareceu no vão das escadas.
-Já está tarde, Dulce.
-Estou indo
-Durma aí, se quiser.
-Não o quero
Na lareira, uma foto chamou a atenção dos olhos sábios. A velha senhora pegou o porta-retratos entre as mãos e fitou a foto. Dulce tremeu.
-Ainda não a tirou daqui?
-Não o quero
-Isso está lhe fazendo mal, filha.
-Mãe, por favor...
-Esqueça-o, menina, pelo amor de Deus!- um vidro espatifou-se no chão. O porta-retratos estava quebrado no chão, e no meio dos cacos cortantes a foto de Robert.
Dulce largou as cobertas em que estava enrolada, levantando de supetão. Enfiou os dedos delicados em meio dos cacos, buscando a foto. Agarrou a imagem e sentiu seu sangue jorrar, cortada pelo vidro. Correu escadas acima, deixando as lágrimas cairem pelo percurso.
-Terá que esquece-lo, Dulce.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


Capítulo 2: Lembranças

-Ah seu patifezinho
-Eu não fiz absolutamente nada dessa vez, Dulce!- o loiro assustado e cômico olhou Dulce em sua frente, coberta pela neve que deslizava pelas ruas.
-Oras, como não? Eu vi, com esses meus olhos!
-Procure seus óculos, pois você já esta cega!
-Como ousas! Eu sei que foi você, eu sei...
-Mais que coisa. Entra logo, está congelando aí fora.
-Não sei, estou muito aborrecida para ficar no mesmo ambiente que você...
Antes que argumentasse mais, a menina foi puxada para dentro. Seus lábios pararam de tremer em um instante.
Olhou o bule de chocolate sobre a mesa do centro. Seu rosto contorceu em agonia; não era uma boa hora para pedir chocolate.
-Pode se servir, mo sùil.
-Hum... Pare de chamar-me assim. Mas eu aceito o chocolate.
Sentou-se ao lado de Robert no sofá, e depois de dar alguns goles de chocolate quente, esquecera-se o real motivo de estar ali.
-Se... Eu te contar o que significa mo sùil, você vai deixar de ter raiva de mim?
Isso, ela estava com raiva dele!
-Talvez...
-Significa ‘meus olhos’, Dulce, em gaélico


Dos olhos de Dulce que pertencia a Robert, agora derramava uma cascata de água cristalina. A foto entre suas mãos a fez com que não conseguisse mais respirar. Ainda de olhos fechados, poderia recordar o momento mais triste de sua existência. Vida não. Ela já não vivia.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo 1: Prólogo


Onde estão os meus sentidos, olhos de Gelo?
Oh, devolva-me minha capacidade de sentir outra vez!(...)

Os braços finos enlaçaram músculos contraídos. O corpo masculino ganhou um choque térmico antes de entrar em uma escuridão profunda.

(...)Por que escureceste meu coração?
Não bastava esfria-lo? Eu o quero de volta.
Acenda uma vela e devolva-me meu coração...

Um grito agudo saiu dos lábios femininos. Dulce viu o sangue na branquidão alastrar-se na neve fina.


(...)Abra-o, e encha minha falta de amor
Encha-o de luz(...)

Seus olhos o tocou, antes dele cerra-los para sempre.

Proteja essa luz
Pois não resta muita em meu coração
Meus olhos frios já não a vê